Jovens das comunidades de Capão Redondo e Grajaú vivem em dois dos bairros com maior índice de vulnerabilidade social na capital do estado, o que impacta diretamente no acesso a direitos como moradia, educação, trabalho, lazer, esporte e cultura. Cerca de 43% da população do bairro do Grajaú está em uma situação de vulnerabilidade alta ou muito alta, e no Capão Redondo, o índice é de 27,9%. Em outra perspectiva, a média da cidade de São Paulo ficou em 8,9%.
Os dados foram coletados de diferentes fontes para o estudo do contexto realizado pela equipe do Programa Adolescente Saudável (PAS), que identificou as características sociodemográficas dos dois distritos e também identificou, por meio de entrevistas, os principais problemas que enfrentam os jovens da região, que afetam negativamente a capacidade de realizar escolhas e adotar melhores hábitos sobre a sua própria saúde.
Com a intenção de mudar esse cenário, a AstraZeneca e Plan International Brasil está implementando o “Programa Adolescente Saudável”, na cidade de São Paulo. O projeto tem como objetivo familiarizar-se com eles sobre os comportamentos de risco para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), para que desenvolvam hábitos saudáveis para prevenir o desenvolvimento destas na vida adulta. Entre as temáticas abordadas estão o consumo de tabaco, o uso nocivo do álcool, o sedentarismo, a alimentação não saudável e doenças de transmissão sexual.
Índices alarmantes
Os dados indicam, por exemplo, que os dois bairros têm altos índices de mães adolescentes, em sua maioria negras. Em 2016, 14% do total de nascidos vivos no Capão Redondo foram de mães com 19 anos de idade ou menos. No Grajaú, o percentual foi de 15,41%, de um total de 1.052 casos. Os dados também mostram que 17% das mães dos moradores do Capão Redondo e 22% das mães de Grajaú não realizaram o acompanhamento pré-natal no ano de 2016, o que demonstra a insuficiência dos serviços de saúde e a deficiência de acesso à informação na região.
Os índices da região com relação ao acesso à educação também são preocupantes. Em torno de 6,8% dos alunos do Capão Redondo e de 6,5% do Grajaú deixaram o ensino médio em 2011. No mesmo ano, apenas 0,3% dos alunos que abandonaram a escola secundária, no bairro do Alto de Pinheiros, na zona nobre da capital paulista. Com relação à reprovação, Capão Redondo e Grajaú, também apresentam taxas significativamente mais altas, de 20,1% e 23,9%, respectivamente, em relação aos Pinheiros, com apenas 2%.
Ação precoce contra as DCNTs
Para Jorge Mazzei, Diretor Executivo de Relações Corporativas, Regulatórias e de Acesso ao Mercado de AstraZeneca Portugal, a implementação do PAS em São Paulo, é um marco para a mobilização em torno de questões fundamentais de saúde que afectam os jovens na cidade. “Um dos principais valores da AstraZeneca diz: Fazemos O que é Correto. Por isso, entendemos que o correto é fazer o possível para que nossos jovens tenham mais saúde e, assim, tenham a oportunidade de desenvolver plenamente o seu potencial no futuro. Desta forma, poderemos impactar positivamente as comunidades em nosso ambiente e contribuir para a redução das disparidades em São Paulo”, afirmou o executivo.
As ações em São Paulo, que serão implementadas até o ano de 2020 e a previsão é de que mais de 40 mil jovens, que beneficiem diretamente, por meio das atividades, voltadas para o empoderamento dos jovens para a adopção de hábitos saudáveis, a mobilização da comunidade por meio da relação com os líderes comunitários, professores e pais de família, o fortalecimento dos serviços de saúde, e o estabelecimento de parcerias para influenciar as políticas públicas em questões centrais de saúde e gênero para adolescentes, contando com o protagonismo dos adolescentes formados nestas ações. Com todo o PASSO a intenção de beneficiar cerca de 700 mil pessoas, indiretamente, com 1 milhão de pessoas afetadas em todo o projeto.
“Envolveremos o Grajaú e Capão Redondo em uma rede de conscientização e ação, que se concentra em melhorar a qualidade, a prestação de serviços de saúde e a capacitação dos jovens para o cuidado em relação à própria saúde, assim como a de seus pares”, relata Laura Betti, Diretora Executiva da Organização Não-Governamental.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, 49% as mortes por doenças crônicas não transmissíveis no Brasil ocorrem antes dos 70 anos2. Além disso, as DCNTs representam 19,4% das mortes em pessoas com idades entre 30 e 70 anos no país3. Dados da OMS mostram também que os jovens que crescem em comunidades carentes, vivendo com uma maior sensação de vulnerabilidade e menos capital social, estão mais predispostos a complicações de saúde, como a hipertensão, a diabetes, o tabagismo, o uso indiscriminado do álcool e comportamento sexual de risco.
PAS EM NÚMEROS
3 anos de duração
40 mil adolescentes e jovens com acesso à informação
200 adolescentes capacitados como educadores de pares
700 mil pessoas afetadas indiretamente
1 milhão de interações totais
DADOS – GRAJAÚ E CAPÃO REDONDO*
- Distritos mais populosos
1 Grajaú – 381.277 habitantes
4° Capão Redondo – 288.252 habitantes
- População de Adolescentes
Grajaú
61.416 jovens entre 10 e 19 anos
30.259 mulheres – 7,9%
31.157 homens – 8,2%
Capão Redondo
43.562 jovens entre 10 e 19 anos
21.637 mulheres – 7,5%
21.925 homens – 7,6%
- A reprovação no ensino médio
Grajaú – 23,9%
Capão Redondo – 20,1%
Alto de Pinheiros – 2%
- Renda Per Capita (SEADE 2010)
Capão Redondo – R$ 541,48
Grajaú – R$ 450,70
Alto de Pinheiros – R$ 3.984,34
- Empregos Formais – jovens entre 18 e 24 anos (INFOCIDADES 2014)
Grajaú – 3.344
Capão Redondo – 4.639
Alto de Pinheiros – 98.658
- Gravidez na Adolescência – mães com 19 anos ou menos
Grajaú – 15,22%
Capão Redondo – 14,22%
Fonte: Redação Panorama Farmacêutico