O SETOR DE GLP PROJETA UM CRESCIMENTO DE 1,5% NO CONSUMO E NA ESPERA DE MEDIDAS IMPORTANTES NA REUNIÃO DO CNPE
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Fonte: petronoticias.com.br
O mercado de gás liquefeito de petróleo (GLP) viveu em 2018, um ano de desafios e estagnação, à sombra da atividade ainda retraída da nossa economia. Mas, para 2019, a projeção das empresas do setor é de que a recuperação do crescimento das vendas do produto, conforme afirma o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), Sergio Bandeira de Mello. “As projeções de crescimento são da ordem de 1,5% sobre as vendas de GLP, em média “, disse. A entidade também está na expectativa da reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), agendada para o dia de hoje (9). Nela, algumas das demandas mais importantes do setor podem ser atendidas. “A primeira delas é em relação à forma em que a Empresa prefere o GLP para as distribuidoras. A estatal, desde 2002, preferem o GLP para os distribuidores de forma diferenciada“, explicou. Outra regra importante é o fim das restrições do uso do combustível em saunas e para o aquecimento de piscinas. “Com a movimentação dessas orientações, você vai criar um cenário onde haverá novos investimentos e novas oportunidades“, projetou.
Qual é a sua avaliação do mercado de GLP em 2018?
O ano de 2018 teve uma estagnação das vendas. Não chega a ser um grande alerta. Não acendeu nenhum sinal vermelho para o setor, porque a economia está paralisada. A greve dos caminhoneiros também afetou diversos setores da economia e não ficamos imunes a isso. Somado a esses fatores, vivemos até o ano de 2017 um período muito longo, de dentro do setor de GLP, onde a Petrobras artificializava radicalmente os preços do produto na refinaria, mantendo seu valor paralisado por mais de 13 anos. O consumidor sentiu essa marca nos últimos anos, tanto em 2017 e 2018. Sendo que, no ano passado, este aumento não foi tão grande para o consumidor, mas foi acima da inflação. A demanda estava reprimida. Foi um ano difícil, mas acreditamos que estará de volta na medida em que a economia do país volte a crescer.
E quais são as perspectivas para este ano?
As empresas estão acreditando no crescimento, mas em nenhum grande milagre. As projeções de crescimento são da ordem de 1,5% sobre as vendas de GLP, em média. Cada empresa tem projetado o seu crescimento de forma diferente. As empresas estão à espera de uma retomada do crescimento do GLP, principalmente nos segmentos comercial e industrial, com o aquecimento destes setores.
Quais são as principais demandas do setor na atualidade?
Estamos na expectativa da reunião de hoje do CNPE. Há duas demandas muito antigas do setor de GLP. A primeira delas é em relação à forma em que a Empresa prefere o GLP para as distribuidoras. A estatal, desde 2002, preferem o GLP para os distribuidores de forma diferenciada. Existe distinção entre o GLP, a Empresa vendeu para ser embalado e comercializado em embalagens de até 13 kg, e o destinado às embalagens maiores de 13 kg É uma esquizofrenia. Há o compromisso do Ministério de Minas e Energia e do Ministério de Economia, para que isso acabe. Esta medida foi criada no passado com a intenção de proteger os menos favorecidos. Mas, na realidade, é uma proteção que perde o seu objetivo. 80% das pessoas que consomem botijão de 13 kg não precisam de subsídios.
Não somos contra a criação de qualquer tipo de programa social com o objetivo de proteger os menos favorecidos. Por nossa parte, não há essa insensibilidade. Mas, também, não somos um setor que está pedindo subsídios. Isso é uma política de governo. Não é o privado, o que deve pedir uma política de subsídio.
Com isso, é provável que, a partir de hoje (9) ou o 1 de maio, há uma queda no preço do botijão de 13 kg na refinaria e, principalmente, uma queda significativa no preço do GLP industrial.
Há outro tema importante para o mercado de GLP que será discutido na reunião de hoje do CNPE?
Temos uma outra pauta, que esperamos que o CNPE tem hoje em dia. São esquizofrênicas restrições ao uso do GLP. Desde a primeira Guerra do Golfo, existe uma proibição do uso do combustível para aquecimento em saunas e piscinas e, também, para o uso em caldeiras. Isto remonta à época em que Saddam Hussein [ex-presidente do Iraque, morto em 2006]invadiu o Kuwait. Hoje em dia, não tem mais sentido que essas restrições existem. Com a movimentação dessas orientações, você vai criar um cenário onde haverá novos investimentos e novas oportunidades.
Como o senhor avalia a venda do Equipamento por parte da Empresa?
Ela é uma colega nossa. É um ativo da Empresa e esta é uma decisão da empresa. Acreditamos nas autoridades de defesa da concorrência, que vão fazer o melhor trabalho para que a sociedade seja bem atendida. O Computador já pertenceu ao grupo Agip e foi vendida para a Empresa e a sociedade continuou a ter um serviço excepcional. Se houver uma mudança de dono, não acredito que haja uma diferença. Não vejo como algo que seja dramático do ponto de vista do consumidor.
Quais são as medidas e ações que o Sindigás a intenção de tomar de aqui em diante?
Nós trabalhamos na área institucional e na área regulatória. O que nós estamos trabalhando com o governo e a Agência Nacional do Petróleo (ANP) é uma agenda propositiva, para que possamos voltar a discutir e colocar em pauta o papel da Empresa no fornecimento nacional; e também tirar os obstáculos ao investimento privado – não necessariamente de nossas empresas [associados]. A Petrobras ainda ocupa o papel de provedor 100% do GLP no mercado nacional para as distribuidoras. É um excelente fornecedor para nós, mas ela não investe mais em infra-estrutura.
Esperamos que o Brasil volte a crescer entre 3% e 4% ao ano. Com isso, será necessário que haja investimento em infra-estrutura, que tem que começar hoje. Mas, para isso, algumas questões de caráter regulatório e de estímulo a competitividade, no nível da Empresa, devem ser tomadas agora.
Precisamos de uma melhor definição sobre a questão da privatização ou não das refinarias e da oferta do pré-sal. É necessário também uma melhor definição dos investimentos em Unidades de Processamento de Gás Natural (UPGN) e a oferta que haveis de GLP. Estamos tentando discutir os cenários de melhor previsibilidade e a melhoria das regras, para que haja estímulo para os investidores.
Já há investidores internacionais que buscam e nossas parceiras interessadas em investir em terminais portuários e estruturas de importação de GLP. Vemos com muito bons olhos. Mas os marcos regulatórios não são postos para que estes investimentos sejam iniciados. Esta é a nossa agenda prioritária: a ampliação da competitividade na fase de fornecimento primário do GLP no Brasil.